O Começo...
Todo projeto de interiores — seja para uma casa ou para um espaço comercial — começa muito antes de qualquer planta, paleta de cores ou escolha de revestimento.
Tudo começa com aquele desejo genuíno que mora lá dentro — a vontade que dá origem a tudo. É um ponto de partida silencioso, mas cheio de força. E é importante que ele permaneça vivo e claro, porque é justamente essa vontade que sustenta o processo quando surgem os desafios.
Com o tempo, camadas de exigência, prazos, orçamentos e expectativas podem abafar essa faísca. E sim, esses elementos práticos fazem parte de qualquer projeto. Mas é aí que mora o equilíbrio: manter a chama acesa, sem perder o pé no chão. É esse alinhamento entre desejo e realidade que permite que o projeto se concretize com sentido — e com verdade.
Escutar...
A escuta precisa ser mútua: o profissional precisa ouvir o cliente com atenção, mas o cliente também precisa escutar o profissional com abertura. Esse diálogo só funciona bem quando há respeito pelos limites de cada um.
Existe um ponto em que o cliente pode dizer: “Até aqui, meu sonho está sendo respeitado. Daqui pra frente, não me reconheço mais.”
E o profissional também precisa ter espaço para dizer com clareza: “Até aqui, consigo atender com coerência. Daqui pra frente, comprometo a integridade do meu trabalho.”
Quando essa troca é honesta, o projeto flui com verdade. Quando não é, a frustração ganha espaço — de um lado, do outro, ou dos dois.
Partindo desse contexto, escutar, não é só ouvir as demandas práticas: é compreender a rotina, os desejos, as dores e a identidade de quem vai viver ou circular por aquele espaço. É um processo de conexão entre o profissional e o cliente, construído com respeito, clareza e abertura. Comunicação respeitosa é aquela que não impõe — mas propõe. Que não assume — mas pergunta. Que entende que cada cliente carrega um universo próprio, e que traduzir esse universo em espaço, é o verdadeiro desafio (e beleza) do projeto.
Ser autêntico...
É justamente nesse início — que parece sutil — que muitas decisões importantes já começam a tomar forma. E é aqui também que entra a coragem de ser autêntico.
Num cenário em que tendências ganham força quase como regras visuais, ser autêntico pode parecer arriscado. E é. Às vezes, o cliente gosta de algo que “não se usa mais”. Outras vezes, deseja um ambiente mais limpo e calmo, mesmo que o mercado esteja vibrando com cores e luzes. O mesmo vale para projetos comerciais: criar um espaço que traduza a alma de uma marca exige escuta atenta, mas também coragem de não cair no óbvio ou no que “está todo mundo fazendo”.
Escolhas...
E é nessa hora que vale retomar o ponto de partida: qual foi mesmo o porquê de tudo isso?
Talvez o desejo inicial não possa ser representado de forma literal — por questões técnicas, financeiras ou até logísticas. Mas quando a essência está bem compreendida e traduzida, ela continua presente.
Porque um espaço que carrega verdade comunica mais. Ele transmite sensação, propósito e significado — mesmo que em formas diferentes da ideia original.
Tudo junto
A composição de um projeto é, então, o resultado desse equilíbrio delicado: entre o que é funcional e o que é simbólico; entre o que resolve e o que representa. Não é sobre fórmulas prontas. É sobre construir, juntos, um espaço com verdade — aquele que faz sentido para a vida real de quem vai habitá-lo, trabalhar nele ou recebê-lo todos os dias.
Autenticidade pode dar mais trabalho. Mas é ela que faz com que o projeto não apenas funcione — mas acolha.
Seu espaço também pode refletir quem você é — com verdade, intenção e equilíbrio.
Se você está nesse ponto de partida ou repensando seu caminho, vamos conversar.
Grata pela visita,
Ulla.