Durante muito tempo, espaços comerciais foram pensados a partir do produto — lay-out voltado à exposição, vitrines chamativas, atenção total ao que se vendia. Mas os comportamentos mudaram, e os espaços precisaram acompanhar. Hoje, o cliente chega bem informado, mais independente e, acima de tudo, em busca de conexão. Por isso, a relação dele com a empresa é muito mais importante do que a vitrine em si. E isso muda completamente a forma como projetamos.
O foco agora está na experiência: como esse cliente se sente no ambiente, o que ele vive ali, o que leva da visita — mesmo que não compre nada. É por isso que identidade e coerência se tornaram palavras-chave. Não basta um espaço visualmente bonito; ele precisa transmitir verdade, estar alinhado com os valores da empresa e com o que o público espera encontrar. Afinal, hoje, com tantas ferramentas de pesquisa, o cliente já chega sabendo exatamente o que quer — e esperando ser surpreendido não com mais informação, mas com significado.
Um bom planejamento de espaço comercial começa com perguntas simples, mas poderosas: seu cliente costuma ir sozinho ou acompanhado? Ele tem tempo ou vai passar correndo? Essas respostas guiam o projeto. Recentemente, ao desenvolver um café, considerei exatamente isso. Imagine alguém que trabalha em home office e marca um atendimento com um cliente ali. Nesse dia, precisa levar o filho adolescente junto. Pensando nessa dinâmica, criamos um espaço além das mesas tradicionais: uma área ambientada como sala de estar, com livros, TV, poltronas. Assim, enquanto o atendimento acontece, o filho tem onde esperar com conforto — e a experiência do ambiente continua sendo positiva para todos.
Esse é o tipo de escolha que vai além da estética e mostra que a arquitetura pode (e deve) traduzir intenções. Quando o espaço é bem pensado, ele acolhe diferentes rotinas, respeita ritmos, comportamentos e, principalmente, gera conexão. Porque no fim das contas, o que fideliza o cliente não é o que ele leva na sacola — é o que ele leva da experiência.
Talvez o desafio maior não seja só criar espaços bonitos, mas sim criar lugares que façam sentido — que abracem rotinas diversas, que contem a verdade de uma marca e que respeitem o tempo de quem entra ali.
E se, ao pensar seu espaço comercial, você começasse pelas pessoas, e não pelos produtos? Como seria esse ambiente? Que experiências ele poderia oferecer? O que ele deixaria como lembrança?
Vale a pena pensar. Porque mais do que vender, um bom espaço precisa pertencer.
Grata pela visita!
Um abraço,
Ulla. :)