A arquitetura que toca, acolhe e funciona começa de dentro. Antes de qualquer escolha de revestimento, marcenaria ou layout, existe algo ainda mais essencial: a escuta verdadeira. E ela se aplica a qualquer tipo de projeto — seja um lar, um negócio ou um espaço que combina os dois.
Sabe aquela primeira ideia, aquele primeiro “e se...”? Então, esse não pode se perder. Por arquitetura/design ser um mundo tão cheio de elementos, de tudo aquilo que compõe um projeto, um espaço, no decorrer do processo, essa voz pode ficar abafada por inúmeras camadas. E quando a gente vai ver, no final do projeto, só estamos ouvindo um sussurro daquele grito inicial que fez você sair da sua zona de conforto.
No projeto residencial, o ponto de partida não deveria ser uma tendência, mas sim o que faz sentido para quem vai viver ali. O que te move? O que te acalma? Que tipo de espaço te faz respirar fundo e pensar “aqui é meu lugar”? Projetar uma casa com identidade é ouvir essas respostas — e deixar que elas guiem cada decisão. Porque o bonito mesmo é aquilo que representa você.
Nos espaços comerciais, a lógica não é muito diferente. Um ambiente pode ser lindo, moderno e bem montado, mas se ele não transmite o que você sente pelo que faz, ele perde conexão. Hoje, mais do que nunca, clientes são atraídos pela verdade — pela forma única com que você entrega seu trabalho, acolhe e se comunica. Um bom projeto comercial precisa traduzir isso: a sua alma, o seu jeito, sua forma de estar no mundo.
Sempre me encanto por espaços pequenos, mas organizados, claros, vivos. Talvez porque, nesses casos, pessoa e negócio ainda se misturam — e isso é bonito de ver. Fico muito feliz quando esses negócios crescem, mas acredito que o crescimento mais bonito é o saudável. E o saudável, na arquitetura e no design, é aquele que amplia o uso sem perder a essência. O que fez seu primeiro cliente chegar até você? O que fez ele voltar? O que vai fazer ele contar para filhos e netos: “olha, já vim muito aqui”? Crescer é importante — mas crescer com raízes é essencial. Evoluir não é deixar pra trás, é carregar consigo. As paredes não se levantam antes da fundação.
E quando esses dois universos se encontram? Quando alguém vive e trabalha no mesmo lugar — como quem mora sobre a loja, o ateliê, o café, o salão —, essa conexão entre identidade e espaço precisa ser ainda mais bem costurada. É preciso encontrar o equilíbrio entre o pessoal e o profissional, criando transições sutis, respeitando os limites de cada função e, ao mesmo tempo, mantendo a coerência entre as duas esferas. Aqui, o desafio (e a beleza) está em fazer com que tudo dialogue: a casa que acolhe e o espaço que representa o que você faz no mundo.
No fim das contas, seja onde você mora, trabalha ou faz os dois, um projeto com alma nasce do encontro entre escuta e intenção. A arquitetura é só a ferramenta — a história é você quem conta.
Grata pela visita!
Um abraço,
Ulla. :)